Em meus eventos, através da Ortega Luz & Som, passeio pelos espaços normalmente voltados para a diversão. Mas atento a todos os detalhes técnicos, fico relaxado apenas quando, depois de tudo, termina o evento e a programação é cumprida com sucesso. Sempre ocorre de algum detalhe ou outro não sair como o desejado. Muitas vezes sem aparecer para o público, para nós, que trabalhamos nos bastidores, resta aprendermos com os erros.
Nada é feito sem esforço, muitas vezes brigando com aqueles que promovem os eventos, mas mantém uma postura antiquada em que não somos tratados como colaboradores, mas simples “paus mandados” sem cérebro. Usamos a força física, sim, mas aliada à atuação da mente. Costumo dizer que vestimos a camisa do time para quem trabalhamos. Algo que só o tempo e a experiência de longo trato conseguem demonstrar cabalmente.
É uma relação de confiança, tanto para quem nos contrata quanto por quem somos contratados em relação a eles. O que nem sempre um contrato formal consubstancia. Com o tempo, vim a descobrir que 99,9% não significa 100%. Num dia, está tudo confirmado, no outro, não. Essa característica que, de resto, mostra um quadro típico da instabilidade das relações humanas, serve especialmente para a vida do brasileiro como um todo.
Quando decidi empreender essa jornada na prestação de serviço em algo “evanescente” — como são os eventos que se assemelham em característica com a montagem de um circo que ergue a sua lona em cada lugar — foi justamente por causa dessa instabilidade como, de resto, é a vida do brasileiro — mas que proporciona certa liberdade para a minha atuação. Quando mais novo, estudante de História percebi claramente que num futuro próximo, que acabou por se concretizar, as relações trabalhistas seriam intermediadas por códigos bastante variáveis, incluindo profissões tradicionais, por balizas que ainda viriam a serem estipuladas.
Essa cara séria acima demonstra uma postura que tento manter durante a minha atividade. Obviamente, ao mesmo tempo, não deixo de tentar manter uma perspectiva que dê espaço para a descontração, principalmente nas relações com quem trabalho. É uma questão de sintonia fina, como tudo na vida, principalmente quando trabalhamos. Pode parecer algo natural, mas há quem sinta que o trabalho impede que atuemos de uma forma mais leve como entes sociais que somos.
