06 / 07 / 2025 / Projeto Fotográfico 6 on 6 / Degraus

A invenção dos degraus é tão antiga quanto a construção das cidades edificadas em terrenos acidentados. A intenção estava ligada à proteção das populações que lá viviam, atrás de muros, fortificações e equipamentos de defesa. Dada essa circunstância, outra utilidade dos degraus foi a da separação entre aqueles que ascendiam e os que eram obrigados a ascender para acessá-los. Em minha experiência de trabalho, percebi que a depender da origem do clube ou espaço de festas, as escadas servem para separar os ascendidos e os que servem a estes, como é o caso da minha atividade com eventos.

Aqui não se vê, mas à esquerda do Prof. Renato, de Química, há uma escada, por trás da porta de madeira, composta por degraus aos quais acessava sempre. Algumas das salas ficavam no andar de cima. O antigo prédio que serviu de consulado da Argentina apresentava escadas de madeira com os degraus ao centro degastados por centenas de pés que os utilizavam. Está lá, no cantinho direito baixo da foto — dezembro de 1980. Eu, recém completara os 19 anos e o garoto tímido apresentava o semi-sorriso de costume, que era o máximo que conseguia expressar de alegria. Os óculos, indefectíveis, também se faziam presente. Já o amarelado do tempo, na foto e na memória, esse é para todo o sempre…

Ontem, sábado, fui trabalhar em um casamento num buffet na Penha, bairro da Zona Leste de São Paulo. Era um local perto da Igreja de Nossa Senhora da Penha original, também chamada de Velha, de 1792. Lá, fui batizado por um dos meus tios, Leodoro, irmão da minha mãe, um dos espanhozinhos, com mais 5 crianças, que chegaram ao Brasil nos Anos 30. Pelo caminho ao presenciar residências diferentes, algumas bem antigas. Realizei os registros fotográficos de várias, como o acima. Outros à seguir também foram realizados na região, excetuando o último. A de cima mostra uma série de casarios que são ligeiramente diferentes um dos outros, mas tendo como traço comum é a existência de degraus.

Não poderia deixar de mostrar a entrada da velha Igreja de Nossa Senhora da Penha. São apenas dois degraus mas que fazem e fizeram a diferença na vida de muita gente. Lugar de fé e oração, por eles acessaram milhares de pessoas nestes desde os 233 anos de construção.

Já de longe, fiquei encantado com antiga residência posta à venda. Ocupando uma boa área, o local está bastante valorizado pelo processo de gentrificação como o que ocorre em todas as regiões da cidade. Essas são escadas que uma família utilizou por gerações. O formato das sacadas me chamou bastante a atenção — detalhe que a diferencia. Certamente será substituída por uma daquelas retangulares e sem charme de um nova edifício de pequenos apartamentos.

Detrás desse portão, degraus acima dão o acesso para um lugar misterioso. Achei estranho a corrente na frente, assim como é diferente o feitio do portão. São daqueles lugares que as pessoas com um pouco mais de imaginação adoram adentrar, ainda que de maneira mental. Quem sabe, se torne componente de uma futura história.

Esses degraus nos levam à parte de cima da minha casa. Não sei exatamente qual a influência exata — se o cinema, os gibis, as novelas ou livros, mas sempre quis morar num sobrado com escadas para subir e descer. Gosto dessa atividade, mesmo nos dias mais cansativos. Mas certamente a ideia de termos degraus com certa simbologia de ascensão, como citei acima, seja algo a considerar, mas é apenas especulação. Mas a fascinação é legítima.

Participam: Lunna Guedes / Claudia Leonardi / Mariana Gouveia / Silvana Lopes

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