
A Lua,
quarto-crescente,
de 102 bilhões de anos…
A Aranha,
de 102 dias…
Um dia, se extinguirão…
Só o amor sobreviverá.
Gilson, o rapaz que tem a sensibilidade de encontrar o pai no tom de voz de um desconhecido, deu o mote e logo me senti compelido a criar algo em torno desta foto. Ele, inclusive, sugeriu um título – A Aranha Que Roubou A Lua. Quem compõe ou escreve, sabe que muitas vezes uma canção ou um texto segue certo protocolo e para quem tem as ferramentas, é até fácil construir temas aceitáveis. Mas desde o início, em vez de uma crônica gracinha, chegou a mim os versos que coloco a seguir. A Lua, ainda que roubada, continua a ser poética.
A ARANHA QUE ROUBOU A LUA
Noite alta…
Ainda não era amanhã…
E, ainda que fosse,
vivo sempre o hoje.
Amanhã é um lugar distante
ao qual nunca chegarei…
Lua em quarta-crescente,
o homem, descrente do amor,
a busca no olhar e a fotografa.
No registro revelado,
uma aranha
arranha
a imagem da penumbra
contra as luzes artificiais.
O ser, inicialmente invisível,
rouba a Lua de seu protagonismo.
Coloca cada elemento, com a sua função.
Nada ocorre à esmo.
A aranha aprisiona o seu alimento…
A Lua consola a minh’alma…
Lua linda. Encherá reluzente hoje e amanhã. Boa apreciação.