Por uma última vez,
peço mais uma primeira vez
voltar ao centro do mundo…
Ainda que o nosso mundo se restrinja
ao quarto de um quarto de um quarto
de uma casa sem paredes,
no canto de nossas mentes,
para onde fugimos
no último quarto de um eterno minuto…
Quero você,
ainda que neurastênica,
irritada e irritante,
misofônica e barulhenta,
inconstante e desesperada
por amor sem pudor,
que tento recusar por temor
de me perder de mim para sempre.
Mas que adianta me preservar,
se sem você sou menos do que um logro
que se esconde sob a fama de louco?
Por que me recusar a amar profundamente
se o pouco que me resta é menos do que um pouco?
Temos outros em nossas vidas,
mas a história de cada um de nós dois
não importa se nela não tiver nós dois…
Quero uma última primeira vez…
Quero que me dê e se dê,
que se doe a quem se doará por inteiro
ainda que doa, porque doerá.
Sei que não sobreviverei,
mas antes morrer de amor,
que é melhor do que morrer —
é viver por um instante que seja
o que importa viver…