A palavra Vício é derivada do latim vitium e significa falha ou defeito. Também poderia ser definido como dependência física ou psicológica que impele alguém a buscar o consumo excessivo de algo, geralmente uma substância. Normalmente está associado a um problema ou imperfeição, denotando fraqueza ou deformidade de caráter, eventualmente causando desarranjo pessoal, familiar e/ou social.
No meu caso, percebi que sou viciado em trabalhar — hábito que deixei de exercer quase de supetão com o advento da Pandemia de Covid-19. Da noite para o dia, foram cancelados os mais de cem eventos programados para o ano de 2020, a partir de meados de março, quando realizamos uma festa grega.
Em outubro do ano passado, realizamos — meu irmão e eu, da Ortega Luz & Som — o primeiro do que seria uma série de festejos que denotaria a retomada da normalidade. Na época, se discutia a ascensão do “novo normal”. Tenho por mim que apenas uma chuva cósmica mutante de proporção planetária instauraria uma mudança no comportamento do homem. O valor desse evento — um casamento na fronteira entre São Paulo e Minas — foi realizado com todas as medidas protocolares de proteção: distanciamento social, número reduzido de pessoas, em lugar aberto, arejado, o uso de máscaras (para os trabalhadores) e disponibilidade de álcool em gel. O interessante é que como já havíamos recebido em março, pagamos para trabalhar. O valor antecipado havia se desvanecido nos meses anteriores da doença que paralisava o País.

Em dezembro, fizemos dois eventos especiais — Natal e Réveillon. Estávamos vivendo a possibilidade de passarmos ao novo fechamento total das atividades comerciais. Alheios às necessidades em relação aos procedimentos restritivos no combate à Pandemia, convivi com negacionistas enquanto degustava uma excelente comida. Ainda bem que não tive uma congestão.
O Réveillon ocorreu no Litoral paulista — em Itanhaém — sob um calor infernal, como poucas vezes senti. Como se não houvesse amanhã, o público dançou aglomerado e desmascarado. Os fogos do Ano Novo refletido nas águas do mar duplicavam os meus presságios de que 2021 seria uma reedição do ano que estava acabando somente na folhinha.

Uma das minhas maiores decepções foi encontrar muitos dos meus companheiros do setor de entretenimento artístico vociferando contra as medidas de restrição. Tanto quanto eles, sofri econômica e psicologicamente os seus efeitos. No entanto, eu sabia que a alternativa seria a morte, como ocorreu com muitos dos meus colegas e seus familiares.

Uma pequena retomada parece estar em processo com o avanço da vacinação. O fantasma no horizonte é a variante Delta da SARS-COV-2 — resultante da defasagem do processo retardado (de forma intencional) da imunização. A manifestação do Vício em seu pior vezo é o de ostentarmos com orgulho e estrepitosa empáfia maléfica, o nosso atraso institucional, o reeditando de tempos em tempos em variações cada vez mais virulentas, como ocorre atualmente.
Vejo nuvens negras no horizonte…
Participam do B.E.D.A.:
Lunna Guedes / Darlene Regina / Adriana Aneli / Mariana Gouveia / Cláudia Leonardi / Roseli Pedroso
Certa nostalgia ao ver fotos de eventos assim. Quando voltaremos? Voltaremos?
Roseli, oficialmente, em 1° de Novembro estarão liberados shows, jogos e os vários tipos de eventos com público. Extraoficialmente, devemos perguntar à Senhorita Delta…
Mesmo que liberem, vou continuar aqui na minha concha
Acho que já tinha visto a maioria das fotos e confesso que não consigo não pensar na palavra aglomeração. Festejar é necessário, concordo. Mas eu ainda sinto horror porque sei que há um fantasma a nos rondar e já me cansei das perdas. Mas, é impressionante que muita gente não se importa e vive a vida como se fosse intocável ou algo assim.
Eu tive a sorte de poder me refugiar a casa e ter o cuidado com os contatos, coisa que nem todos puderam fazer. Comprometemos boa parte do que guardamos-acumulamos nos últimos anos. Mas, não me arrependo. Estamos bem e saudáveis. Como dizia o mio babo, dinheiro foi feito para isso…
Lunna, viver é perigoso. Nestes tempos, então, somente respirar em lugares e junto às pessoas “erradas”, muito mais! As minhas já se foram faz tempo! E o meu “vício” tampouco pude atender. Enfim…
Para quem trabalha com eventos deve ter sido mesmo um grande baque as paralisações por conta da pandemia. Vamos ter fé que dias melhores virão, novas comemorações nos esperam! Adorei as fotos, me passaram muita alegria!
As pessoas têm necessidade de celebrar a vida, desde sempre! É quase um artigo de primeira necessidade, não importando o status socioeconômico. Foi difícil, mas aprendemos a sobreviver!
Realmente seu ramo de trabalho deve ter sido um dos que mais sofreu, economicamente, com a questão da pandemia. É quase impossível um evento sem aglomeração, sem contato. Entendo a necessidade de festejar, de comemorar e entendo ainda mais quem tem necessidade de levar dinheiro para sustentar sua casa, mas admito que toda vez que fico sabendo de algum evento que aconteceu/vai acontecer só consigo sentir agonia. Olhando as fotos bateu uma certa nostalgia sim, mas o que predominou foi a aflição de ver tantas pessoas próximas umas das outras.
Certamente, Juliana! Foi uma das nossas preocupações. Nós nos mantivemos atentos a todos os protocolos. Não é fácil deixar de atender a algum cliente, principalmente porque temos necessidade de arrecadar algum dinheiro depois de quase um ano e meio de paralisação quase total. Só atendemos os antigos. Os novos, a depender das circunstâncias, deixamos de fazer vários, acentuadamente no começo da Pandemia. Enfim, por enquanto, não tivemos nenhum problema.