Há 90 dias, realizei o meu último evento da manhã de 31 de Dezembro de 2020 até a manhã de 1° de Janeiro com a Ortega Luz & Som. Somos aqueles que chegamos primeiro e saímos por último. Trabalhamos, meu irmão, Humberto e eu, na base de sustentação da expressão artística ligada à música, à dança, à celebração de viver. À época, eu tinha plena consciência do que teríamos pela frente. Cheguei a enunciar que o ano de 2020 tinha sido apenas um spoiler de 2021. Ou que 2020 havia começado em 2019 e terminaria em 2022… com sorte!
Não sou uma pitonisa, de forma alguma. Apenas sempre fui um estudioso da Ciência e uma pessoa curiosa pelo Conhecimento, em busca de respostas pelo simples prazer de saber. Nunca achei que as coisas tivessem respostas simples, ainda que muitas questões são de solução óbvia. Sempre busquei perguntar, argumentar, verificar pontos de vista antagônicos, nunca aceitei fórmulas mágicas, nunca busquei reinventar a roda ou desprezar o conhecimento humano acumulado por milhares de anos.
É com muita tristeza que vejo hordas de cegos ideológicos reproduzirem movimentos que já devíamos ter superado. Certos ciclos se repetem justamente pela quebra da informação geracional, muitas vezes de forma intencional. E se de alguma coisa valeu esta Pandemia, é perceber que essa não é uma característica brasileira, apenas. A ignorância grassa pelos Hemisférios de alto a baixo, de um lado ao outro.
Quanto ao evento, passamos, meus colegas e eu – músicos, bailarinas, empresários – por picos emocionais e imergimos em um mar de sentimentos contraditórios. De encontro e de despedidas, de um ano difícil para outro que deveria trazer um novo alento. Dentre tantas pessoas, alguns poucos que como eu traziam o sorriso amarelo por debaixo das máscaras (usei umas cinco naquele calor infernal), sabendo que reuniões como aquela, que cumpríamos por força de contrato, seriam responsáveis, junto com às aglomerações do Carnaval, pela hecatombe que sobreveio sobre o nosso sistema de Saúde.
Após o Réveillon, recusei todas possibilidades de eventos que não tivessem a mínima segurança. Não apenas por mim, mas também por quem eu nem conheço. Neste Dia Da Mentira, que saibam separar o que é real do que é mitológico. Estamos pagando um preço muito caro, fortemente dimensionado em perdas humanas, por falácias propagadas por mitos e mitômanos.
*Texto de 1º de Abril de 2021
O BEDA é uma aventura compartilhada por: Lunna Guedes / Darlene Regina / Mariana Gouveia / Cláudia Leonardi
Eu ainda não me sinto confortável… mas sinto que o pior passou, ficou apenas o humano mesmo. rs
O ser humano, é a medida de todas as coisas, por ele mesmo. Até não ser mais…