Durante o meu café da manhã, o tipo me olha de frente e me adverte:
– Tu és muito burro, meu caro!
Sem me ater ao fato de que quem se dirigia a mim era um mero enfeite de jardim, promovido a adorno caseiro, respondo de forma abrupta e ressentida:
– Eu sou caro, mas você é muito baratinho!
Rapidamente, o topetudo respondeu, sem pestanejar (e como conseguiria?):
– Sou baratinho, mas o maior burro entre nós dois, aqui, és tu!
Lembrando do que aconteceu no dia anterior, não pude deixar de concordar. Ainda surpreso pelo Burrinho usar da segunda pessoa para se expressar, acabei por me lembrar que foi comprado, baratinho, em terras fluminenses.
O bichinho feito barro e consciência, apenas externou um sentimento que me corroía por dentro. Fora franco e firme, evidenciando um erro que queria jogar para baixo do tapete Agiu como um amigo sincero. Com certeza, da próxima vez que vier a falar com ele (ou ele comigo), serei eu a chamá-lo de “meu caro”…
Participam do BEDA: Darlene Regina / Cláudia Leonardi / Lunna Guedes / Mariana Gouveia
Agora deu para ouvir enfeites… está a piorar, meu caro! rs
Devo preocupar-me? Perguto porque falo com as paredes e vez ou outra grudo as orelhas para me certificar de que não há ninguém por lá.