BEDA / Casado Com Uma Enfermeira*

Enfermeira Doutora Tânia Ortega

Eu me casei com uma enfermeira que é apaixonada pelo que faz. Com ela, pude aprender o quanto essa profissão pode ser um divisor de águas entre a vida e a morte. Saber que a minha esposa pode fazer a diferença na existência de muitas pessoas, ao exercer essa atividade essencial para a saúde pública, me deixou, desde sempre, orgulhoso. 

Sem falar que a “minha” enfermeira é uma excelente profissional, que saiu de uma pequena localidade do interior do Rio de JaneiroArrozal, um distrito de Piraí – para chegar, depois de passar por Volta Redonda, a São Paulo e trabalhar em uma grande entidade como o Hospital Israelita Albert Einstein, nele permanecendo por vinte anos, até assumir um cargo no COREN-SP

Depois de uma segunda passagem pelo Albert Einstein, decidiu diminuir o ritmo, mas continuou a trabalhar com dedicação e afinco em um hospital municipal da Prefeitura de São Paulo. Mal sabiam os doentes que chegavam àquele local a boa sorte que tinham em encontrar uma profissional tão gabaritada – o seu Curriculum Vitae preenche três ou quatro páginas apenas de cursos que realizou – além do carinho e atenção que dedica a quem atende. 

Crianças, jovens, adultos e velhos puderam presenciar a mão visível do Bem quando houve a intervenção da Enfermeira Tânia Ortega naquele momento tão delicado em que se encontravam fragilizados por alguma doença. 

Mas eis que a sagitariana, instada por companheiros de profissão, dada a sua influência entre os profissionais da Saúde, ampliou a atividade para além de sua atuação assistencial no hospital. Tornou-se aglutinadora de ideias em torno das quais busca melhorar as condições de trabalho dos enfermeiros, técnicos e auxiliares. 

Com a chegada da Covid-19, percebeu que, por ela, mãe de família e por todos os que enfrentam a pandemia na linha de frente, que as condições e cuidados com os itens auxiliares no atendimento aos pacientes devem ser otimizadas. Como, por exemplo, buscar soluções para o aprimoramento dos EPIEquipamentos de Proteção Individual – sugerindo, indicando, explicando, divulgando sobre a correta utilização dos materiais.

Devemos lembrar que a cada profissional afastado por infecção pelo novo coronavírus, muitos pacientes acabam por ficar sem cuidadores preparados para enfrentar a guerra contra o inimigo invisível do vírus, apesar do descaso com relação à Saúde Pública patrocinada por muitos governantes. 

Casado com a Tânia, não tento competir com a sua paixão. Compreendi que meu apoio à sua luta se configura na contribuição que posso oferecer, ainda que ínfima, na luta contra um sistema que prioriza o lucro financeiro em detrimento da vida humana. Enquanto for possível, estarei ao seu lado para caminharmos para muito além da melhoria da saúde física e mental – para que igualmente transformemos o mundo um lugar de mais paz e amor.

*Texto de 2020, nos tempos tenebrosos da Pandemia.
Participante do BEDA: Blog Every Day August

Mariana Gouveia / Roseli Pedroso / Bob F / Lunna Guedes / Suzana Martins / Cláudia Leonardi / Denise Gals

8 thoughts on “BEDA / Casado Com Uma Enfermeira*

  1. Eu não gosto da palavra casado… nem quando vira bolo e ganha prefixo de bem-casado. Gosto de parceria que é o que li em suas palavras. É delicioso admirar o outro, respeitar e compartilhar emoções, vivências… é o que tudo o que vale no final do dia.

    1. Lunna, foi o caso de simplificar a compreensão usar o termo “casado”, já que foi um texto divulgado num site referente à Enfermagem. Talvez servisse “unido”, porém diluiria a ideia de sermos um casal… casado.

  2. Que lindo texto, expressando perfeitamente a admiração e o reconhecimento aos profissionais de saúde e, em especial, à sua companheira.

    1. Estudante de História, eu ficava procurando a participação de mais de metade da população terrena – a mulher – na sua construção. Ficava encafifado porque em minha vida, a começar por minha mãe, conheci mulheres atuantes, imaginativas, fortes. Com o tempo, o que só intuía, percebi a força do Patriarcado, que coloca o macho como protagonista, mesmo porque eu era/sou um homem, portanto beneficiário do sistema. Com o tempo procurei me colocar no lugar da mulher. Acho que a máxima que diz que não basta não ser racista, mas também antirracista serve igualmente para a misoginia.

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