
Passei o dia na larga varanda revirando objetos, revisitando tempos. Estava a tentar organizar o espaço, arrumar prateleiras, dispensar quinquilharias, emudecer lembranças. Uma caneca suja, de asa amputada, na eminência de ser descartada, anunciou-se a mim: “PARA UMA SUPER NETA… Lembranças de Águas de São Pedro – SP” – presente de minha mãe à Romy. Quase imediatamente, Dona Madalena se fez presente. Ela estava ali…
Eu me senti tão bem com sua visita, principalmente porque foi natural e sem preparação. Minha mãe era assim, não impunha a sua presença, apenas tornava-se imprescindível. Recordei da ocasião que, com sua irmã mais velha, Raquel, minha tia mais odiada que amada em nossa família, foi visitar a cidade de fontes hidrominerais e voltou com aquele souvenir.
Imagino que ao avistar a caneca, tenha se sentido impelida a acreditar que aquele simples objeto demonstraria todo o amor que sentia. Pois Mamãe era daquelas pessoas que ao tocar a matéria a transformava em energia. Percebi essa verdade consubstanciada na arquitetura atemporal da caneca, agora suja e desasada. Cheguei a tremer. Talvez, uma reação carnal à eletricidade mística que transmitia. Talvez, delírio de um filho que recebia o toque suave da saudade…
Olá Obduliono adorei seu post. Estou sempre visitando seus artigos.
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Agradeço o retorno, Vanderson! Abração!
Sinto algo parecido quando abro o armário e sinto o cheiro do pó de café. É uma viagem para dentro-longe. Um ir e vir não sei bem de onde. Mas eu vou-vamos. rs
bacio
Ah, os odores que nos fazem viajores… O que me faz lembrar Proust. Ele tinha a sua Madeleine, eu, a minha…
Oi Obduliono, continue assim com esses post interessantes de se ler.
Parabéns:
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