BEDA | Robôs

Robô
*Eu não sou um robô…

Atendo ao telefone fixo. “Alô?” A voz de um rapaz pede que aguarde. Logo depois, uma voz feminina pergunta se lá vive Maria. Maria é o nome de minha mãe, já falecida. “Quem deseja?”… Do outro lado da linha, a voz retruca – “Diga ‘sim’ ou ‘não’!” – “Nossa! Que falta de educação!”. Desliguei…

No dia seguinte, uma voz masculina se anuncia: “Olá! Na sua residência tem um Tiago?”… Penso logo no ex-namorado de minha filha mais velha, que ficou um tempo albergado em casa. “Não tenho mais contato com ele…”. Diga “sim” ou “não…”. Só então percebi que falava com um robô… Soltei um impropério!

Na figura do robô, xinguei o sistema. Os humanos estão a perder espaço em todas as áreas. Pelo menos, no caso de pessoas do outro lado da linha (se bem que não haja mais linha), se pode argumentar. Ao passo que esses robôs não aceitam tergiversações. Apenas “sins” ou “nãos”! Enfim, a conversação entre seres racionais perde significação. A base sob a qual crescemos e nos desenvolvemos como seres gregários e inteligentes se esboroa.

Até nos filmes de ação, nos casos de lutas mais sangrentas, os contendores costumam expor os seus argumentos entre uma explosão ou outra, entre uma porrada na cara e um chute no saco, ouvimos as vozes cada vez mais raivosas e extenuadas dos oponentes a se comunicarem com mais palavras que simples “sins” e “nãos”. Não há porque levar à sério robôs que não discutem.

Atualmente, a corroborar o que está a se tornar uma tendência, uma grande instituição bancária está alardeando aos seus clientes que poderão entrar em contato com uma inteligência artificial que se expressa na forma feminina. “Ela” aprenderá com você a cada pergunta que fizer. Conhecerá suas preferências, desenvolverá estratégias para atendê-lo, por comando de voz ou digitação. A propaganda alardeia: “Experimente o futuro agora”.

Ou seja, no futuro, falaremos com robôs como falamos com pessoas. A supor que cada programa responderá a você, da maneira que você é ou se expressa, de certa forma, esse será um contato íntimo com um alter ego. Objetivamente, apesar de ficarmos contentes com “alguém” que tem tantos pontos em comum conosco, não devemos esquecer que a I.A. atenderá a um outro senhor – a instituição que a criou.

Não será difícil, como no filme “Ela”, um sujeito estabelecer uma relação acima de simpatia. Amorosamente, ficaremos a namorar como antes acontecia com amantes em cenas que víamos em todos os lugares. Haverá um dia que, finalmente, quando quisermos terminar uma conexão, diremos: “Desliga, você…”. E ouvirá: “Não! Desliga você…”. Pronto! A clientela não abrirá mão de estabelecer uma relação que considerará prazerosa e, além de tudo, rentável… para alguém.

*http://portaweboficial.blogspot.com/2014/06/robo-telemarketing-negam-ser-robos.html

Participam do BEDA:  Claudia — Fernanda — Hanna — Lunna — Mari

 

3 thoughts on “BEDA | Robôs

  1. Mas a sociedade é tão robótica, me lembrei do clip odo Pink Floyd – the wall. Somos programados pelo sistema e são poucos os que se libertam dessa mecânica de gestos, ritmos. Vejo as pessoas que defendem certas pessoas. O que são? Se não robôs com programação impossível de ser desativada. As guerras todas não foram feitas por homens e seus exércitos robóticos? A diferença está na palavra ‘inteligência artifical’, porque enquanto o homem sucumbe a programação com seu falatório entorpecente, a máquina se limita a sim e não e só pode ser corrompida por um vírus, ou seja, o homem. rá

    Ok, parei.
    tenha um bom sábado

    1. Lunna, ri de mim para mim com a sua exaltada defesa dos robôs! Ou ataque às pessoas humanas… Será que sendo eles, os robôs, criação de humanos, não trarão em seu cerne defeitos humanos? É um assunto amplo, lindamente exposto em várias ocasiões por livros e filmes. Sou fã de Blade Runner, de 1982 e de 2017 (2049) e lá encontramos tantas possibilidades de intersecção, interação e cross-over, que não duvido de mais nada. Bacio!

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