Amantes

Doce veneno...
Doce veneno…

Quem acha que seja impossível
chupar cana e assobiar,
não conhece os amantes…
Amantes são capazes de caminhar
sobre o chão em brasa
com o sorriso despercebido
de quem esconde um grande segredo…
Desencarnam os pés,
porém disso não se apercebem,
pois confundem dor com prazer…

Amantes dão nó em pingo d’água.
Trocam o certo pelo duvidoso.
Não creem nas certezas perenes
e apostam quase tudo no imediato.
Amantes só têm como certo
o aqui e o agora…
E juram que o futuro conjura
contra as suas paixões…

Amantes
intuem que passarão…
Que passará a sensação de vertigem…
Que cairão em si –
vazios,
alheios,
desamados…
E como se sentem morrer de sede,
bebem do veneno
até a última dose,
a sonharem morrer
apaixonados…

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