
Por vezes, eu me sinto como uma pedra, que colhida da terra, moldada pelo fogo, é arremessada em direção à água pela mão do Destino. No arco que descrevo no ar, sinto contra mim o vento que acaricia o meu contorno áspero e, assim, sinto o prazer fátuo de ser livre para cair. Quando finalmente encontro a água, produzo círculos concêntricos, que serão a minha obra suprema na vida, tanto quanto efêmera. Aos poucos, as linhas cada vez mais tênues que se ampliam e desaparecem, o suficiente para ser testemunhadas por poucos. Logo, a pedra que sou, repousará no fundo do lodo, esperando o momento que será resgatada de volta ao lar estável, para ser novamente lançada ao ar ou realizar outra tarefa. Talvez, nobremente, construir uma casa. Como o pau, que serve de arrimo. Antes, foi planta. Morta, torna-se pau – alavanca ou lenha. Ao final de tudo, tudo o que aprendi é que tudo e todos cumprem os seus ciclos sob a abóboda celestial, sendo uma pedra ou um tronco que se desenraizou.
Texto belo e filosófico sobre o ciclo de vida amigo!
Grazie tanti, Roseli!
Fiquei a observar a parede e a pensar nos movimentos de ponteiros. Os de hoje não cantam, já os de ontem… ressoam. rá
Cada vez mais eloquentes, Lunna.
Amei o texto. Pedra … não é só pedra. É muito mais do que só isso… Abraços.
Bia Perez, há momentos que sinto, muito mais do que intuo, que somos mais do que acreditamos ser. Iguais, desde a base nuclear de nossos seres, pelo menos somos. Pedras e paus incluídos. Agradeço o olhar!