
O domingo havia acabado por findar… No entanto, foi pela manhã que participei, como expectador, de um diálogo que me chamou a atenção e ecoou em minha mente pelo resto do dia. Eu e meu irmão, depois de recolhermos o equipamento de nosso terceiro evento, sendo um deles em dois turnos, fomos à padaria em frente ao salão do clube para tomarmos o café que nos garantiria a concentração depois de 48 horas seguidas de trabalho.
O efeito do café talvez não tenha sido tão efetivo quanto a história do nome dado à filha de uma das funcionárias da “padoca”. Logo que cheguei ao local, a vi atrás do balcão, a conversar animadamente com outros frequentadores. Sua voz era firme e seu vocabulário, simples. Usava o cabelo curto, muito branco, que a fazia uma figura interessante, ainda mais acompanhada por seus olhos claros. Devia ter por volta de 50 anos. Ela e suas companheiras citavam vários nomes dos quais gostavam. Um deles, “Maria”, concordaram se tratar de um bonito nome, apesar de comum. O que silenciosamente eu concordei, enquanto via, sem ouvir, o Padre Marcelo na missa transmitida pela televisão.
A tal balconista disse que o nome de sua filha era Maria José (nome fictício). Explicou que, descoberto o sexo do bebê, seu marido disse que a chamaria de Maria, no que ela assentiu prontamente. No final da gravidez, ele deixou escapar que era uma homenagem a uma namorada da qual gostou muito…
A balconista confidenciou às ouvintes que ficou bastante chateada, mas não demonstrou. Quando nasceu a menina, no registro feito no hospital, acrescentou “José” para compô-lo… E completou que aquele era o nome de seu “ex-futuro marido”, o qual amou muito na juventude. Parece que o pai de Maria José não sabe desse pormenor até hoje… Estranho que, mesmo sem conhecê-lo ou à filha dela, eu e outros tantos que presenciamos a conversa, o soubemos.
Antes que se despedisse de suas interlocutoras, concluiu: “Enquanto ele achava que estivesse indo com o milho, eu já estava contando o dinheiro da venda do fubá. Se ele tem o prazer de chamar a filha pelo nome da mulher que amou, eu faço questão de dizer o nome do homem que amei”…
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Haha que máximo. A propósito, se um dia tiver uma filha, o primeiro nome também há de ser Maria. Acho simples e bonito, além da minha admiração por Maria, mãe de Jesus, e pq Maria Maria é um dom, cantou Milton e dizia tb que as Marias têm a “estranha mania de ter fé na vida”
Conheço algumas Marias. Minha mãe, uma delas. A sonoridade, me encanta. Apesar disso, nenhuma das minhas três filhas carrega esse nome.
Historias humanas-urbanas… sempre me divertem e sempre acabam em minhas narrativas.
bacio
Nossos personagens parece que querem se fazer presentes em nossas páginas…