Uma incomum quer para si um homem comum para amar.
Um que não destoe dos comuns da comunidade.
Para ela, o regular é bom ̶
confiável, confortável, controlável.
Um incomum a ama, mas é indomável,
ciente de si, sem o senso
dos comuns anos pensos,
sua vaidade é incontornável.
De certa maneira, o incomum não sabe
onde termina a vacuidade
e onde começa a necessidade
de ser invulgar, sem se julgar.
O incomum vaga de lada a lado,
comumente a demonstrar sua raridade.
Se considera ser mais do que um.
Se sente especial ̶ algo tão comum…
Quer ser querido por extrapolar
a si mesmo, a ultrajar o usual.
Quer ser reconhecido por ser ele ̶
o bom demais a bem querer.
Descaminhos do desejo e do afeto,
Ainda que a amante deseje o incomum,
almeja um amor simples, porém raro,
simples e desmedido, sem anteparo.
Entre a força da paixão inútil, mas vital
e a estabilidade da prática calma e cândida,
ela decide pela sensatez da paz,
que a paixão revira e volteia,
torna a vida incapaz
e desnorteia.