Poentes No Cais*

Poentes
Sentado no cais,
todas as tardes,
eu me coloco a observar a linha do horizonte…
Lusco-fuscos da minha perdição…
Todos os dias,
a essa hora,
há essa hora
em que revivo o momento da despedida…

Ela se foi…
sem ter a delicadeza de desaparecer
em barco a vela silente…
Foi para o continente,
célere como o pendular instante,
em ronco de motor potente…
Fiquei na ilha, ilhado…
Solidão por todo o lado…

Em dias nebulosos,
não há diferença entre o firmamento
e o mar,
entre a noite que chega
e o dia que vai…
Então, me sinto melhor…
Porque mergulho em um mundo
de oceano sem fundo,
um buraco negro,
de luz abduzida…

De nosso amor,
restou pores de sol,
tempestuosos e brilhantes,
de raios fugidios,
figuras de corpos esguios…
assim como o seu,
que espero voltar,
até anoitecer
ou o Tempo acabar…

*Poema constante da Revista Plural “La Barca”, lançada em 2016 pela Scenarium Plural – Livros Artesanais 

2 thoughts on “Poentes No Cais*

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Imagem do Twitter

Está a comentar usando a sua conta Twitter Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.