Na foto acima, eu e meu irmão estávamos em frente a uma locomotiva abandonada, movida à carvão ou lenha, um exemplar de “maria-fumaça”. Ela estava junto à outras, da mesma série, estacionadas em uma linha desativada, no terreno de uma fábrica de cosméticos. Essas locomotivas, provavelmente, fizeram parte da nossa história pessoal, pois foram utilizadas pela Portlant Perus, fábrica de cimento na qual os meus tios maternos, vindos da Espanha, trabalharam nos anos 30 e 40 do século passado. Nada mais oportuno, portanto, que seja mostrado o quanto os destinos se imbricam, no presente, no passado e no futuro. Hoje, meu irmão, sócio e companheiro de viagem completa 56 de anos de vida.
Quando subimos em um trem no meio do caminho, pelo percurso várias pessoas já subiram e desceram. Várias outras subirão e descerão depois que embarcarmos. Depois de nós mesmos desembarcarmos, o processo se perpetuará. Poucas vezes paramos para pensar sobre o porquê daquelas pessoas estarem embarcadas conosco no mesmo espaço e no mesmo tempo, percurso e trem. E porque há pessoas que nascem próximas, enquanto outras se aproximam mais do que outras, até familiares; porque começamos uma amizade; desenvolvemos os mesmos interesses; nos tornamos irmãos em ideais; sócios em empreendimentos; casados com os mesmos objetivos. Alguns poderão colocar o acaso como prerrogativa, outros, como eu, como sorte desejada. Cumpre aprendermos com as chances que essa viagem nos dá para sermos melhores, para quando embarcarmos em outro percurso, em outro trem, possamos estar mais confortáveis com as nossas roupas novas e podermos tornar a viagem de todos mais agradável. Até que o momento em que não precisaremos mais viajar, a não ser por vontade própria, porque já teremos chegado ao nosso âmago. Humberto, comemoramos, neste dia, seu embarque no mesmo trem que eu. Sou feliz por estar consigo nesta viagem, por ser meu irmão, meu amigo, meu sócio. Estamos juntos!