Ao alcance da minha mão
Entre verdes, uma amarela
Feito um maduro mamão
Não foi preciso sacudidela
Quase repousa, a manga
Entre meus dedos, ao toque
Como estivesse junto à sanga
Apenas experimento o choque
De ser transportado para longe
Para o instante do doce corte
Em que decidi não ser monge
Mas me lambuzar de outra sorte
De vivenciar o gosto da fruta
De arregaçar as mangas
Ter filhas, enfrentar a labuta
Viver a vida, juntar bugigangas
Parece que a cada mordida
A história se repete em ondas
Antigas sensações reacendem
Bons fantasmas fazem suas rondas
Mandam-me lembranças enquanto ascendem…