Lia CONFISSÕES, de minha autoria, lançada pela Scenariumlivros, quando fui interrompido por Arya. Como a guerreira de Games Of Trones, enfrentou a quase 100% fatal Cinomose e venceu. Apresenta alguns efeitos colaterais, mas muito poucos. No mais, é carinhosa e pede sempre carinho a quem puder. Gosta de gente e tem as unhas pintadas de preto mais bem feitas que alguém poderia ter. Antes de ser chamado para acarinhá-la, passava pela página 61, onde lia:
“No ônibus, apartado do mundo exterior, lia Vermelho Por Dentro. Uma das personagens declara que tinha coisas dentro de si que “se pudesse, enterraria-esqueceria-apagaria, mas que vez ou outra tudo emerge”, a afogá-la naquelas lembranças.
Como ‘nasci’ me sentindo culpado, qualquer coisa em minha vida adquire tons escuros-graves. Conjecturei que talvez não quisesse esquecer de situações e ações que me definiram como sou, ainda que não goste tanto de mim.
E, enquanto pensava essas realidades oferecidas lado a lado… como um comentário aos meus pensamentos, penetrou em minha redoma uma frase-bala-perdida que me atingiu no peito – não passei vontade… fui atrás do amor, onde ele estivesse!….
A autora-pessoa-personagem da vida real estava sentada no banco à frente, mulher de 40 – talvez – 50… longos cabelos brancos, com a altivez de alguém que sabe quem é. Conversava ao celular.
Eu, fui a vítima, nada inocente. Se existe alguém que se sente culpado por ter passado vontades não realizadas – esse sou eu. Mas, eu prefiro me arrepender do que fiz a me martirizar pelo desejo não realizado. O sentido de libertação que a vontade atendida expressa é inebriante. Como abraço o pecado original da culpa, o peso da satisfação pessoal tende a carregar a carga indesejada de incriminação.
Jovem ainda, fui aumentando a lista de restrições pessoais. Qualquer coisa ‘perigosa’, geralmente que envolvesse prazer – do sexo à gula, evitava. Deixei de beijar, tocar, namorar meninas que queriam me conhecer. Topavam com um indivíduo esquisito, que atraía-sorria-recusava com a desenvoltura de um paquiderme.
Chego a sentir horror daquele sujeito que oferecia a inocência de um ser amoral. Espero ter melhorado e me distanciado do cara que se feria por não dar vazão às suas vontades.
A mulher ao celular, demonstrou personalidade uma vez mais, ao dizer: ‘não vamos nos ver hoje‘. Queria ficar sozinha naquele dia. ‘Não!‘ – afirmou, sem se preocupar com quem a ouvia, afirmando com uma sutileza peculiar –, ‘não estou punindo ninguém! Apenas quero estar comigo...’.
Encantado com a postura-firmeza… acompanhei seu caminhar pelo corredor do ônibus e vi quando desceu – no ponto seguinte. Acompanhei em seu andar entre humanos, passo a passo. Não vi o seu rosto.
E ao chegar ao meu destino – Terminal Vila Nova Cachoeirinha – pus os pés no chão, sem as dores de anos vividos com unhas encravadas, consciente de que continuo a tropeçar em sentimentos dúbios…”.
Participam do BEDA: Mariana Gouveia / Lunna Guedes / Suzana Martins / Darlene Regina / Roseli Pedroso
Preciso reler esse livro… acho que farei isso nesse final de semana.
Gosto imenso dele!
Também gostei do que reli, Lunna!
Já vi que preciso desse livro.
Que linda a sua Arya! Adoro quando as minhas chegam para acompanhar a leitura, rs