BEDA / Descascando Cebola

Desde que acordei hoje, um tanto tarde, apesar da noite bem dormida, levantei meio melancólico. Estava feliz pelo trabalho no dia anterior que, apesar do frio de 11º C, chuva fina constante e correria, foi a contento. Abri a janela e o ar frio persistia em marcar a sua presença desproporcional, ainda que estejamos no inverno. Desci para tomar café — o dia não começa sem que o café me aqueça —, fui ao jardim conversar com as plantas, o que sempre me faz bem. Elas se deixaram fotografar.

Como já era tarde, fui preparar o almoço. Aproveitei que estava descascando cebola e misturei as lágrimas provocadas pelos compostos sulfurados, que se transformam em gases e irritam os olhos, com algumas verdadeiras. Aconteceu sem mais nem menos. Ou, antes, pela constante falta que sinto de algo indefinível. Ou até que escondo de mim mesmo dar a conhecer. Foram lágrimas que não precisava justificar, enquanto limpava a minha mente de coisas pesadas que repercutem em redes sociais, sem que queiramos ver, mas acabam rebatidas em imagens externas que invadem a nossa existência.

Preferi fazer uma postagem para deixar registrada a simplicidade de um dia de descanso com as minhas próprias imagens. Sempre com a participação de meus companheiros. Não é um descanso comum. O meu tempo não é tão livre, já que com textos a entregar, tenho que produzir. Mesmo que sofra para que uma escrita seja forjada, porque escrever mobiliza recursos pessoais que nos incomoda. Ao fim, pode se tornar uma “prisão prazerosa” para quem quer se entender livre.

Texto participante de BEDA: Blog Every Day August

Denise Gals Mariana Gouveia / Roseli Pedroso / Lunna Guedes / Bob F / Suzana Martins Cláudia Leonardi

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