Estou na meia idade –
altura média,
pau médio,
mas ativo,
em riste –
mais alegre do que triste…
Uso meias medidas,
um tanto acima do peso.
Unhas encravadas,
pernas grossas –
chute certeiro.
Nunca fui artilheiro…
Caminho longo –
passos curtos.
Meia vida –
muito trabalho,
pouco lazer,
pouco tempo,
muito o que fazer.
Fascinado pela mulher…
Justo,
cinto sempre apertado.
Imaginação solta.
Calvo –
pelos que sobraram –
grisalhos.
Tímido,
porém nunca intimidado.
Silente,
ainda que bem falante.
Inquieto,
contudo diligente.
Confuso,
entretanto,
confiante,
em meio ao abalo sísmico.
Ensimesmado –
cismo em ser escritor –
o que me importa.
Um tanto insuportável,
mesmo sendo apenas 50%,
faço o máximo que suporto…
Nisso,
sou insuperável.
Impróprio
para menores de 50, por certo…
Inapropriado,
dono do próprio negócio,
quase não amo a mim.
Melhorei muito.
Peço que ninguém me siga –
me sinto perdido.
Gosto que assim seja –
tudo se torna inesperado.
Meio visionário,
apesar de míope,
sei que morrerei
mais cedo do que espero –
muito tempo menos
do que já vivi – na idade média.
(Por que querer viver mais?).
Objetivo final: quero alcançar certa paz,
a inocência do menino-rapaz,
o amor de que for capaz,
a felicidade contumaz…