Na penumbra do quarto,
enxergo o seu corpo com as minhas mãos
e a minha língua…
Deito minha pele a cobrir a sua,
peito com peito,
plexo com plexo,
pernas entrelaçadas,
braços a abraçarem,
bocas a dizerem tanto – sons indefinidos –
recital em alfabetos primitivos,
guturais…
Ao erguer a minha cabeça,
à minha esquerda, o antigo rádio-relógio
mostra quatro números idênticos – 11:11 –
abertura de portais…
Pela passagem,
a penetro,
me entrego,
vou e volto e vejo
passarem figuras que me visitam,
talvez
múltiplos de mim,
gama de energias…
Sou outro, você é outra,
somos todos e ninguém…
Chegamos a um lugar-nenhum-lugar.
Morremos para esta vida por um tempo –
além –
e inauguramos a eternidade…
E em algum momento amanhecemos…