Carapuça

Carapuça

Há um ano, em maio de 2019, e no ano anterior, 2018, quando surgiram os primeiros sintomas da doença que enfim tomou conta do País, antes da pandemia de Covid-19 que foi apenas mais “azar” a se somar ao outro relatei um episódio ocorrido na emblemática Avenida Paulista. Para quem quisesse ou pudesse ver, estava a se demonstrar qual seria o rumo que tomaríamos desde então quanto ao quadro que se apresenta hoje.

“Avenida Paulista, 26 de Maio de 2019, São Paulo. Não consigo ter outra leitura em relação à hostilidade sofrida pela mulher que vestia uma camiseta com o nome de Marielle Franco no peito: seu covarde assassinato parece ter muitos mais apoiadores do que pudéssemos imaginar.

Antes que alguém venha me chamar de ‘esquerdopata’, saibam que sou um crítico contumaz quanto aos rumos tomados pelos governos executivo, legislativo e, eventualmente, judiciário no Brasil dos últimos 20 anos, de todos os matizes ideológicos, o que tem causado algumas discussões em casa com as únicas pessoas para quem tenho mostrado os meus posicionamentos minha família.

No entanto, o que aconteceu há pouco mais de um ano foi um complô horrendo para eliminar uma corajosa voz discordante ao sistema dominado por poderosos claramente ligados ao crime organizado. A possibilidade de haver canais de comunicação do atentado com o atual governo central parece ter melindrado um grupo específico em meio à multidão que prestava apoio a ele, a ponto da senhora ter precisado de proteção policial para não ser ferida, o que me dá a impressão de que esse pessoal tenha vestido a carapuça…

Mais um acontecimento no mínimo impróprio dentre tantos outros de várias gradações de hilários a tristes que preencheram os primeiros cinco meses do ‘novo’ governo brasileiro.”

6 thoughts on “Carapuça

  1. Eu não me sinto mais disposta a falar desse tema. Não sei. Ando cansada. E a cada dia aparece um prego a mais nesse caixão e algumas pessoas me provocam náusea. Enfim, já tive dias de me fechar em concha e me isolar de tudo e todos. No momento só penso no som da palavra underground.

    1. Eu até tento não ser repetitivo quanto a atual situação, porém essa turma que matou Marielle não descansa. Não consigo deixar de me pronunciar. Mas o sentimento é de dar murro em ponta de faca…

  2. Enquanto falarmos ela não será esquecida e isso é importante. Foi através do esquecimento dos horrores do passado que muitos lugares do mundo resolveram flertar novamente com o nazi-fascismo. Continue a dar murros nas pontas das facas, um dia elas se quebrarão, pois são feitas de um metal enferrujado, que embora cruel, possuem data de validade .

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