BEDA / Nas Vitrines

Noite feita, encontrei manequins presos em uma vitrine. Eu os achei um pouco tristes, a espera de serem libertados… Ilusão! No máximo, caso isso ocorresse, buscariam ir para trás de outras vitrines. São profissionais. Atuam assim a tanto tempo que não sabem fazer mais nada. É o preço que se paga por serem eternamente jovens e belos, corpos irretocáveis, firmes e lisos. Não se importam sequer que não tenham cabeças, alguns… São bem pagos por isso. Em roupas da moda.

As vitrines são atraentes, luminosas. Muitos creem que sejam o melhor lugar do mundo para se morar. A tristeza que apresentam, de início é falsa. Faz parte do padrão. Junto a um certo ar blasé. Tudo para atrair a atenção. Assim como seria falsa a alegria que expressassem. Depois, como ficam permanentemente engessados num mesmo esgar, desconhecem seus reais sentimentos. Perderam a sensibilidade emocional. Porém, como recompensa, recebem muitas curtidas. Vivem e estão mortos por isso.

Adriana Aneli / Alê Helga / Claudia Leonardi / Darlene Regina
/ Mariana Gouveia / Lunna Guedes / Roseli Pedroso

10 thoughts on “BEDA / Nas Vitrines

  1. Aqui, na minha cidade há uma loja de uniformes de profissionais, tipo enfermeiros, médicos, cozinheiros e várias outras. Os manequins parecem pessoas mesmo, de tão perfeitos. Um dia, vou postar as fotos para tu ver.

  2. Eu fico me questionando se eles são super bem realizados e se fazem de tristes pra gente achar que é como eles ou se, na verdade, se sentem aprisionados e fracassados, mas fingem ter todas essa pose de perfeição pra descontar em nós o fato de que, de certa forma, somos (ou temos a sensação de ser) livres.

    Só sei que não queria ser um deles!

    1. Luly, para nós mesmos ou para outros, buscamos ser modelos de comportamento, ao menos. E, externamente, devido a certas pressões sociais, muitas vezes queremos ter uma aparência no mínimo aceitável. Quando conseguimos, de alguma maneira, escapar dessas pequenas ditaduras e somos como queremos ser e aparentar do modo que agrade mais a nós dos que aos outros, nos libertamos um tanto da imposição das vitrines, seja qual for.

  3. Que certeiro esse texto! Se pensarmos em termos de redes sociais, não temos todos nós, que participamos delas, certa semelhança com manequins? Alguns mais inconscientes, talvez, e outros perfeitamente consciente e até desejando continuar assim. Boa reflexão!

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