O Homo Sapiens, de presumíveis trezentos mil de anos, seria resultado do desenvolvimento de outros humanoides ao longo de um milhão de anos, para alguns. Para outros, foi criado pronto, única possibilidade que explicaria a complexidade de seu “desenho inteligente” e as relações de forças imponderáveis entre o mundo físico e o imaterial. Cheguei a acreditar certa época que somos resultado de experiências extraterrestres alienígenas. O Homem Sábio (de si) é um ser que passeia entre a claridade e a escuridão. Tanto pode ser criador de sistemas filosóficos que o elevam para além de suas limitações materiais em busca do autodomínio e libertação dos liames do mundo visível, para se chegar além, como Buda ou Jesus – supra-humanos –, quanto pode funcionar apenas para satisfazer seus instintos mais básicos, em que prepondera as emoções fáceis e os sentimentos simples. O que não impede que utilize de muita inteligência (prática), voltada para alcançar e manter poder sobre outros, como Hitler ou Stalin – esses, humanos demais. Entre uns e outros, nos colocamos, em nossa maioria.
Assim como parte dos seres humanos prejudica outros seres vivos simplesmente porque pode, outra parte prefere estabelecer laços de conexão em “frequências” mais altas por todos os níveis da existência. Eu suponho que ainda não nos matamos todos uns aos outros, apesar de parecer que estejamos por um fio, porque acredito que a energia positiva gerada é maior do que a negativa. Uma impressão inteiramente pessoal é que o poder de atos e pensamentos elevados sejam mais intensos do que os mais baixos, apesar de percebermos a atração que casos escabrosos têm sobre a população como um todo. A tristeza promovida por notas infelizes parece ganhar mais destaque que a alegria por boas novas. O ódio se anuncia mais candente do que o amor edificante. A paixão, volátil, é mais celebrada do que o afeto profundo. Rompantes sexuais são decantados como ideais para romances em contraponto à união madura. O pau duro e a buceta quente vencem a cabeça fria. Celebrado desde as castas cultas, em versos lascivos, passando pelas populações iletradas que expelem a cultura da precariedade como padrão, vemos a dominação do baixo ventre de maneira sequencial. No entanto, esse discurso também poderá ser encarado, de maneira inversa, como repressor, impeditivo da expressão do corpo livre da dominação de regras sociais, ainda que eu a considere uma outra forma de prisão.
Diante da relatividade dos posicionamentos, da falência da Filosofia como método abrangente, a aparência é de que todos estão certamente errados. A causa talvez seja encontrada na deseducação promovida a longo prazo pelos agentes governamentais e as cíclicas guerras de desinformação político-partidárias. Grupos agem para tentar assumir o poder sobre o cofre público, sob fiança de nossas escolhas. Como cortina de fumaça, grêmios promovem batalhas de cores, escolhidas para apartarem tendências, religiões, países, ideologias, pessoas – tática usual para aglutinar riqueza – medida de todas as coisas. A sensação é que guerreamos batalhas perdidas.
Como a se desvencilhar dos antigos saberes, os jovens tecnológicos criam virtualmente um mundo novo, apenas na aparência. Muitos vivem apenas a repetir os mesmos erros do mundo real, confirmados através de guerrilhas simuladas, uma realidade que já existe. Não sairemos dessas armadilhas armadas diligentemente por décadas a fio por agentes do Sistema. Gostaria de colocar um “talvez” (tão caro a mim), mas o pouco que o Xadrez me proporcionou como conhecimento estratégico e senso de antecipação, aliado ao meu olhar cada vez mais descrente da atual fase da aventura humana, me leva a crer que não viverei para ver alguma mudança significativa no futuro próximo.
Tomando a liberdade de me apropriar de uma nomenclatura parente utilizada por Nietzche (não é o caso de matá-lo), se eu fosse estabelecer, pelo meu critério de humanidade médio, um super-humano na atual escala talvez escolhesse Darth Vader. Afinal, o que muitos tentaram, ao promoverem maldades isoladas e coletivas, menores e maiores, o supremo representante do Lado Sombrio da Força superou a todos ao aniquilar civilizações inteiras, ainda que tivesse poderes especiais para salvá-las.
Darth Vader era uma humana, mesmo que parte dele seja aquela máquina que cospe aquela voz e respiração mecânicas. Ele não tinha o poder de salvar ninguém, nem a ele mesmo… precisou que outro o fizesse, em seu último instante.
Anakin a parte humana… passou por diferentes contextos e tramas que foram determinantes na construção de seu personagem. Eu consigo imaginar o quanto seus criadores se divertiram. O estudei nas aulas de psicologia porque ele é o que consideramos com protótipo perfeito de atriuição.
Sua infancia foi dificil, era escravo quando foi descoberto pelo Mestre Jedi Qui-Gon Jinn após um pouso de emergência. Liberto, ingressou na Ordem Jedi, mas nunca foi aceito. Ele era um garoto prodígio, sendo ele o criador do famoso C3PO. Mas era um jovem problemático, que não conseguia se misturar. Havia quem duvidasse de sua força, vocação. E no último segundo enquanto Anakin, tudo lhe foi tirado.
Sempre acreditei que o personagem fosse inspirado em Hobbes, que possuía uma visão negativa dos seres humanos, acreditando que todos são egoístas e movidos pelo medo da morte, pela insegurança e pela busca de interesses próprios. Ele acreditava que vivemos num constante estado de guerra, de todos contra todos.
Todos os elementos estão a nossa disposição o tempo todo, como lidamos com tudo isso determina o que somos e quem somos. Mas, ainda há mecanismos que nos orientam na queda, mas quantos sabem disso? E quantos são capazes de perceber a queda? E uma vez em queda, quem controla os impulsos humanos e descobre a capacidade de permanecer em queda sem, contudo, cair?
filosofei… rá
Você fez o que mais gosto, Lunna – filosofar. E poeticamente, como Nietzche. Acho que estou a viver a minha fase Hobbiniana. Fico feliz que o meu texto esteja
… a lhe trazer lembranças e causar reflexões sobre a pobre condição humana de queda do Paraíso…