O P. Da Questão

Sobre a divulgação de um vídeo em que supostamente aparece um candidato ao governo do Estado de São Paulo, tenho algo a dizer. Eu o recebi, como muitos de nós, repassado como rastilho de pólvora. Nada diferente do fenômeno que caracterizou as atuais eleições e que fez sua estréia em 2014, de maneira não tão ampla, mas decisiva. Conseguir eleger-se como base em “fake news” pode até ser fácil. Porém, após chegar ao poder, quem as utilizou de forma mais esperta conseguirá governar com “fake news”? Já vimos que não.
Quanto ao vídeo, especificamente, o que vi foi um homem, descontraído, cercado por trabalhadoras em seu ofício, em evento particular, filmado por um outro participante. Se a filmagem foi feita de modo consensual ou clandestina, a sua difusão passa pela intenção de quem o faz: – Quer desacreditar a personagem principal do vídeo (no caso)? Ou às moças? O posicionamento hipócrita quanto à instituição familiar? O p. do político? Quem quer atirar a primeira pedra? E se vier a atirar, ganha o que com isso?
Os arranjos de relacionamentos pessoais e familiares são tantos e tão diversos do que se coloca como tradicional ou “correto”, que quem diz não ter conhecimento ou é ingênuo ou se faz de inocente. Ou, para não parecer tão crédulo quanto à hipocrisia reinante, o meio em que vive é absolutamente separado da vida real, como se fora participante de uma tribo isolada no meio da Amazônia.
As configurações e as questões internas do núcleo familiar – o casal – , sendo de cunho eminentemente privativas, só interessam aos envolvidos. Mas somos um povo fofoqueiro, que as redes sociais apenas possibilitou amplificarem os efeitos de modo exponencial. Antes, mesas de bar, salas das casas ou praças eram os locais nos quais se propagavam a fofoquinha aparentemente inocente. Hoje, mesmo uma pessoa solitária, participa da comunidade.
Finalmente, o p. da questão, poderá a vir ser tão importante que o fará perder a eleição? Ou receberá a solidariedade daqueles que viveram ou gostariam de viver a condição em que ele se apresenta? Deixaremos de discutir o discurso político ou a postura ideológica do próprio político para discutir o p. do político? A circunstância em que se apresenta deixará escancarada a sua vulnerabilidade ou sua impostura? Em resposta, o político, ao lado da esposa, refutou o vídeo como falso ou montagem. Quem realmente sabe se isso é verdade são os participantes ou a própria esposa, conhecedora do p. da questão.
Se ele, candidato líder nas pesquisas, tiver revertida essa tendência, será pelo motivo errado. Posso contestar suas propostas ou seu posicionamento a favor de um dos candidatos a presidência, não porque supostamente goste de interagir com algumas eleitoras de forma íntima.
Abaixo, vídeo de Mal Necessário, composição de Mauro Kwitko e interpretação do grande, grandioso e grandiloquente Ney Matogrosso.

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