quando a toquei
cego pelo amor
desvelei os véus
da percepção humana
para além do sentido
barato e velado da visão
ultrapassei a pele
alcancei a alma
meu corpo se tornou todo potência
energia sem identidade
dor orgástica-holística prazer
perfeita desorganização
do sentido do sentir
unidos a roçar
terminações nervosas hipersensibilizadas
drogados pelo cheiro gosto
escuridão clarividente
paixão eterna profunda
muito mais que amor
perene platitude
consubstanciado em línguas
dedos mamas bundas genitálias
bocas mordeduras arranhões
impressões digitais
impermanentes renovadas
toques estoques vibrações
invasão de novos territórios
para além da vida penetrações
atraídos por buracos negros
onde se consomem
fótons fantasias
glúons gulosos
quarks aquartelados
neutrinos sanguíneos
constelações galáxias inteiras
suor golfo úmido rocio
em pelos vaporizados
resfolegar arpejos
brotar plena consciência
corpo epiderme campo fértil
da breve morte bem-vinda
big crunch em um último beijo
no tempo que não existe mais…
Nossa, saudades do amor cego de um big crush em todos os beijos, línguas, mãos, enfim, etc, etc, etc… Distanciamento social tem dessas, se refere à ausência de todas as presenças.
Texto maravilhoso!
Grazie, Luly! Sabe o que você me lembrou? É que ao errar a grafia de “Crush”, que seria “Crunch” – colapso universal pela contração gravitacional – acabei acertando. Na pesquisa que fiz posteriormente, essa teoria foi descartada, já que o Universo continua a se expandir cada vez mais rápido. Porém, voltei à imagem inicial porque tem a ver com a ideia que eu queria expressar.